domingo, 2 de janeiro de 2011

Kassab: 48 meses para cumprir 21 metas difíceis

Dos 50 compromissos mais relevantes, prefeito no meio do mandato cumpriu cinco


Edison Veiga e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S.Paulo


Dois anos já se passaram desde que Gilberto Kassab (DEM) assumiu o cargo de prefeito de São Paulo pela segunda vez. Muita coisa foi decidida no gabinete do 6.º andar do Edifício Matarazzo nesse período - e a maioria dessas decisões diz respeito a promessas feitas por ele durante a campanha ou o mandato.
Para acompanhar o andamento desses projetos, o Estado selecionou as 50 promessas de Kassab referentes a obras estruturais e ações de maior vulto que constam nos registros do jornal e na Agenda 2012, o plano de metas lançado no início de sua gestão. Foram selecionados projetos em diferentes áreas, divididos de acordo com seu andamento nessa primeira metade de mandato.
Para medir o ritmo de execução, foram levados em consideração todos os passos que eles devem percorrer até saírem do papel - desde os estudos básicos, a elaboração do projeto executivo, a licitação das obras e até a aprovação da Câmara Municipal, que é necessária em alguns casos.
O resultado você pode ver no quadro ao lado - apenas cinco promessas já foram totalmente cumpridas, mas 24 estão bem encaminhadas e com boas chances de sair até 2012. As outras 21, no entanto, vão merecer atenção especial da administração municipal para que não fiquem só na promessa.
Entre elas, estão as duas promessas cujas obras nem chegaram a ser iniciadas. É o caso da construção de três hospitais - em novembro, Kassab lançou uma Parceria Público-Privada (PPP) de R$ 6 bilhões para que a iniciativa privada (que normalmente é mais ágil) seja responsável pelas obras, mas até agora nenhum tijolo foi assentado.
Os trabalhos também não foram iniciados nas obras antienchente na Avenida Pompeia, zona oeste, e no Anhangabaú, região central, pontos que costumam alagar em períodos de chuvas fortes.
A área dos transportes também precisa de atenção especial. Há grandes obras viárias andando em ritmo de congestionamento, como o prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul. Mas a maior preocupação é no transporte por ônibus - dos R$ 133 milhões previstos para serem investidos neste ano em corredores e terminais de ônibus, apenas R$ 4,1 milhões (ou seja, 0,03% do total) foram de fato contratados.
Outra preocupação são as ciclovias e ciclofaixas - dos 100 quilômetros prometidos, apenas 3 km foram inaugurados até agora.
Crianças. Mas talvez a promessa mais difícil de ser cumprida por Kassab é acabar com o déficit de vagas em creches. Apesar de ter ampliado o número de crianças matriculadas de 109 mil para 130 mil entre dezembro de 2008 - um mês antes de começar este mandato - e setembro deste ano, o déficit mais que dobrou no período: passou de 57 mil para 125 mil. A estratégia do prefeito é vender um quarteirão inteiro pertencente ao município no Itaim-Bibi, zona sul, para grandes construtoras em troca de cerca de 200 creches. A licitação, no entanto, só vai ser lançada no ano que vem e sofre resistência de moradores do entorno.
As mudanças urbanísticas anunciadas pelo prefeito em áreas degradadas também devem ser difíceis de ver fora do papel ainda neste mandato. Com exceção da demolição dos Edifícios São Vito e Mercúrio e da reforma da Praça Roosevelt - obras já iniciadas -, os projetos para atrair investimentos para a orla ferroviária, revitalizar a região da Luz, demolir o Elevado Costa e Silva (Minhocão) e enterrar os trilhos entre a Barra Funda e a Luz só estão programados para começar a longo prazo.
Isso porque as etapas do processo são longas: cada um dos projetos precisa ser finalizado, discutido com a sociedade, apresentado à Câmara, aprovado, e, finalmente, licitado. O próprio Kassab já afirmou que as obras da Nova Luz só devem começar, "na melhor as hipóteses", no segundo semestre de 2011. 

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