sábado, 21 de agosto de 2010

Prefeitura usa verba antienchente para acelerar viaduto estaiado do Tatuapé

Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo


Intervenção. Para a Prefeitura, obra deve revitalizar o bairro. Foram gastos R$ 77 mi em desapropriações de galpões e casas

A Prefeitura de São Paulo transferiu recursos de ações antienchentes para a construção de um viaduto estaiado no Tatuapé, na zona leste. A medida revoltou moradores de áreas de risco de São Mateus e de M"Boi Mirim que aguardavam um piscinão e a canalização de um córrego.

A verba reservada neste ano para o viaduto, que deverá ser inaugurado em março de 2011, aumentou 163% em relação à previsão inicial. O salto, de R$ 29 milhões para R$ 76,7 milhões, é o maior entre os projetos viários da Prefeitura. O viaduto já teve 69% das obras concluídas - em dezembro, o índice não chegava a 30%. A velocidade é explicada ao se observar as transferências financeiras desde 24 de abril. Somente dois remanejamentos somaram R$ 12,8 milhões e vieram de projetos para bairros que ficaram alagados no verão.

De um piscinão para o Córrego dos Machados, por exemplo, em uma área de risco em São Mateus, que ficou submersa em 5 de dezembro, foram retirados R$ 6,7 milhões. Da canalização do Córrego Ponte Baixa, em M"Boi Mirim, foram R$ 6 milhões. Ambos os projetos estão em licitação, sem prazo para conclusão.

O governo municipal também transferiu R$ 26 milhões do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental. Outros R$ 2 milhões vieram de um anel viário no Parque Guarapiranga, ainda no papel, e R$ 12,1 milhões de "obras e instalações" em geral. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) diz que a suplementação foi necessária porque a previsão inicial de gastos, de R$ 49 milhões, foi reduzida pelos vereadores para R$ 26 milhões em dezembro, na votação do orçamento.

Promessa. O Córrego Ponte Baixa tem aproximadamente 2 quilômetros de extensão - 1,6 quilômetro ao ar livre. Até agora, o governo não liberou nada para a canalização do manancial. Há dezenas de barracos amontoados nas margens do córrego, em meio a montanhas de entulho.

Entre setembro e março, o córrego transbordou quatro vezes. Agora, com o tempo seco, o mau cheiro é sentido a mais de 1 quilômetro de distância. "Quando vem chuva forte, é só rezar. Prometem melhorar esse córrego há muitos anos e nada", afirma o comerciante Edélcio Oliveira, de 38 anos. Outros moradores da área dizem que a situação só não está pior por causa das obras de limpeza da Sabesp. A despoluição do córrego deverá ser concluída em 2012 pelo órgão.

A situação se repete perto das margens do Córrego dos Riachos, em São Mateus. Sem o prometido piscinão, moradores se uniram em junho para fazer uma obra de emergência - foi construído, com o apoio da Subprefeitura de São Mateus, um muro de pedra para conter o efeito dos desmoronamentos.

Do Estadão.com.br 

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