quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Centrão corre risco de perder comando da Câmara

Candidato apoiado por Kassab tem mais chance de vitória na eleição para presidente do Legislativo Municipal, mas vereadores não descartam surpresas

João Carlos Moreira
A eleição para presidente da Câmara Municipal da capital pode pôr fim à hegemonia de seis anos do Centrão no comando da Casa. Apoiado pelo prefeito Gilberto Kassab, o vereador José Police Neto (PSDB) é visto com mais chance de vitória na disputa desta quarta-feira (15) com Milton Leite (DEM), candidato do bloco de parlamentares de diferentes partidos, que atuam em conjunto. Mas nesta terça-feira (14) ninguém descartava eventuais surpresas.
Caso confirme a vitória, Neto consagra a estratégia oposta à que o Centrão adotou na campanha interna e na relação com os vereadores durante o período em que o grupo esteve à frente da Câmara. Ciente da força que o Centrão exerce na relação direta com os parlamentares, o tucano optou por negociar o apoio a seu nome diretamente com os partidos. "É uma forma de relação institucional, mais democrática", justificou Neto.
O método deu resultado. O tucano conquistou apoio de PSB e PC do B, que em geral votam com o PT - os petistas apoiam Milton. "A forma de negociação do Neto me parece melhor do que a que vinha sendo adotada, mas quero ver como será uma eventual presidência dele", disse Sonia Barboza, coordenadora do movimento Voto Consciente, que acompanha os trabalhos da Câmara. "A negociação pessoal, com cada vereador, abre mais brecha para a troca de favores, ao fisiologismo", afirmou ela.
Líder do Centrão, o vereador Adilson Amadeu (PTB) considera a crítica injusta. "Não houve privilégio a nenhum vereador (na gestão do Centrão), todos foram atendidos pelo Antonio Carlos Rodrigues (do PR, atual presidente da Câmara)", disse o petebista. Segundo ele, a estratégia de Neto acabou levando os partidos a constranger parlamentares. "Quero ver como ficará essa aliança com Kassab quando chegar a eleição", ironizou.
O cientista político Rui Tavares Maluf, da Escola de Sociologia e Política, entende que, no caso de vitória de Neto, o exercício da presidência é que vai dizer como será a relação com as bancadas e com a Prefeitura. "Ele (Neto) é apoiado pelo Executivo, mas o outro grupo também poderia ser. Não vejo muita diferença agora. Teremos que avaliar na prática futura", afirmou.


Do Diário de S.Paulo

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