Bruno Tavares, Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S.Paulo
Após o escândalo do uso de dinheiro público na contratação da gráfica de sua mulher, o vereador Antonio Goulart (PMDB) exonerou ontem de seu gabinete a funcionária Valéria Ferreira de Arruda. Ela aparece como sócia da Studio Companygraf, empresa que funciona dentro da gráfica de propriedade de Kazuko Goulart e que mantém pelo menos R$ 270 mil em contratos com a Prefeitura, companhias municipais e o Tribunal de Contas do Município (TCM).
Fisioterapeuta, Valéria é mulher do empresário Vitor Cavalcanti de Arruda, sócio da Companygraf ao lado da mulher de Goulart. Embora a Studio Companygraf e a Companygraf sejam empresas distintas, com CNPJs e endereços diferentes, ambas funcionam em um imóvel, na Rua Maria Aparecida Anacleto, na Capela do Socorro, zona sul.
Uma resolução da Câmara de 2003 proíbe os vereadores e seus cônjuges de firmarem contrato, direta ou indiretamente, com órgãos da administração pública. As penas vão desde advertência verbal ou escrita até a perda do mandato. O corregedor da Casa, vereador Marco Aurélio Cunha (DEM), diz que vai investigar o caso.
O advogado de Goulart, Ricardo Vita Porto, rechaça a ideia de que o parlamentar tenha usado verba pública para contratar a empresa da mulher. Porto assinala que a despesa com a Companygraf foi paga pela pessoa física do vereador, que posteriormente pediu reembolso à Câmara.
O chefe de gabinete de Goulart, Reinaldo Tacconi, admitiu que a demissão de Valéria foi motivada pelo escândalo revelado pelo Estado. "Para que não paire nenhuma dúvida, resolvemos exonerá-la." Segundo ele, a funcionária desenvolvia "trabalhos de fisioterapia" para o gabinete. Tacconi afirmou que Goulart desconhecia a ligação dela com a gráfica. "O vereador não tinha conhecimento disso, nossa vida é muito corrida."
PARA LEMRAR
Na terça-feira, o Estado revelou que o vereador Antonio Goulart (PMDB), vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, utilizou sua verba de gabinete para contratar uma gráfica de propriedade de sua mulher. Desde novembro de 2009, foram usados R$ 37.839,63 de sua cota mensal de gastos correntes relacionados ao mandato para pagar a Companygraf Produções Gráficas e Editora Ltda. Sua mulher é dona de 50% da empresa. A prática é proibida por uma resolução da Casa. Após as denúncias, o vereador pediu licença do cargo, para tratar de "assuntos pessoais".
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