segunda-feira, 29 de março de 2010

Falta seriedade na política brasileira!

Partidos apostam em celebridades para eleições de 2010

Desde que o cantor Agnaldo Timóteo foi eleito deputado federal em 1982, o número de famosos no mundo da política eleitoreira tem aumentado.

Com o fim da ditadura militar, no começo havia artistas com militância política reconhecida, agora a opção política das celebridades parece ter se tornado mais banal. Imagine uma Câmara dos Deputados composta pelos ex-jogadores Romário (filiado ao PSB) e Edmundo (o “Animal”, membro do PP), O “Trapalhão” Dedé Santana, o cantor/apresentador Netinho (PCdoB) e o humorista Sérgio Malandro. Essa situação não é totalmente improvável para o ano que vem. Todas essas celebridades pretendem disputar em outubro uma vaga no legislativo.

E não apenas na Câmara dos Deputados. Ao lado do cartola Márcio Braga (presidente do Flamengo, filiado ao PMDB), que já foi deputado, há o ex-técnico da Seleção Brasileira Vanderlei Luxemburgo (PT). Os dois estão de olho em uma cadeira do Senado. O jogador de futebol Túlio Maravilha (do PMDB) almeja o governo de Goiás. Ainda no ramo futebolístico, há o jogador Vampeta que, filiado ao PTB, ainda não definiu qual cargo eletivo irá disputar.

O cantor sertanejo, Sérgio Reis (filiado ao PR), ainda não decidiu se vai disputar o cargo de deputado federal ou estadual. Além dele, os participantes de reality show também pensam em entrar na disputa. André Gonçalves (Casa dos Artistas) e Kleber Bambam (Big Brother Brasil) querem concorrer a uma vaga no parlamento.

O PTB já lançou a pré-candidatura do ex-boxeador Maguila e do ex-jogador Vampeta. De acordo com o secretário de comunicação do partido, Ênio Rocha, os dois têm muita chance de serem candidatos, só não se sabe ainda se é para deputado federal ou estadual.

O PTB é o partido que mais apostou na busca de celebridades para puxar votos nas eleições de outubro. Segundo Ênio, embora nada esteja definido, há a possibilidade de que sejam lançados pela legenda nomes como Sérgio Malandro, suplente de vereador em São Paulo; Paulo Zorello, campeão mundial e presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing (“um nome sempre lembrado pelo partido”); e Eduardo Braga, filho do “rei” Roberto Carlos. Ainda não há definição sobre quais cargos eles disputarão.

Protagonistas ou figurantes?


Para o cientista político Leonardo Barreto, as celebridades que se lançam na política “ficam perdidas” em meio ao processo legislativo. “São pessoas sem experiência e que contam apenas com a popularidade. Certamente vão encontrar duríssimas dificuldades [nos respectivos postos]”, disse Leonardo. “Acabam por ser parlamentares bastante duvidosos. Nenhum deles [candidatos-celebridade] se destacou no exercício de seus mandatos.”

“Essas pessoas vão acabar servindo apenas para compor votação. Como eles não têm atividade reconhecida, vão acabar seguindo liderança e fazendo figuração.”

Pesquisador do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo aponta qual seria o principal prejudicado com a eleição de “famosidades”. “São os próprios eleitores. Eles vão ficar sem voz no Congresso, seus estados não estarão devidamente representados”, observa o especialista, acrescentando que apenas um “processo de depuração” do eleitorado pode impedir a ascensão das pseudo-celebridades à política, uma vez que “eles têm direitos políticos como qualquer outra pessoa”.

“É bom enfatizar que isso não acontece só no Brasil”, acrescenta o pesquisador, citando o exemplo do governador da Califórnia (EUA), o astro de Hollywood Arnold Schwarzenegger – o “governator”, irônica alusão à trilogia por ele protagonizada O Exterminador do Futuro (ou, em inglês, Terminator). “De certa maneira, isso faz parte do jogo.”

O secretário de Comunicação do PTB discorda do cientista político. Para Ênio, “não há problema algum” no fato de cantores, atores, jogadores de futebol ou demais figuras conhecidas disputar cargos eletivos. “Se o candidato vai defender o ideário partidário e tem qualificação, não importa se é cantor, jogador de futebol ou artista.”

Acompanhei os passos do vereador desde o início da legislatura e, nada existe em seu currículo que o qualifique para o senado.

De: Portal odia.com

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