E enche. As enchentes que abalam grande parte das metrópoles brasileiras são resultado de um longo processo de modificação e desestabilização da natureza por forças humanas. As várzeas foram ocupadas e impermeabilizadas, as árvores escassearam e o progresso que foi instalado não trouxe a compensação natural.
A adequação das dimensões de todo o sistema de escoamento das águas não foi realizada e os piscinões que poderiam equilibrar parte do processo não foram executados em quantidade desejável.
Ou seja, a atualização das medidas necessárias para bocas de lobo, bueiros e canalização de águas pluviais não foram planejadas nem efetivadas. Isto significa que estes equipamentos não atendem ao volume de águas atuais. Como sabemos as chuvas de hoje são maiores daquelas de antes pelo desmatamento, inclusive da Amazônia, e pelo aquecimento global. E a população aumentada não cuida e entope estes escoadouros com lixo e detritos orgânicos.
Contamos ainda com três milhões de pessoas que vivem em áreas de risco.
É por isto que com duas chuvas em véspera de verão a cidade de São Paulo já teve mortes por enchente.
As ações preventivas não foram completadas. Ficaram nas promessas. Menos mal que há uma semana tivemos a aprovação unânime no Senado da Medida Provisória 494 que trata da liberação de recursos da União para atender casos de calamidade pública, sem exigir trâmites burocráticos convencionais. Esta medida que será apresentada ao presidente da república para sanção, cria o SINTEC Sistema Nacional de Defesa Civil, que deverá receber todo o mapeamento nacional das áreas de risco.
Nesta linha de levantamento, a Prefeitura de São Paulo está concluindo um sistema que irá permitir avisar os três milhões de moradores que estão em área de risco. Através de quatro a cinco mil líderes comunitário informará com antecedência a chegada de chuvas pelo SMS dos celulares. O problema ainda assim não estará resolvido porque a imprecisão é comum no verão. Nesta ;ultima chuva às 20h previu-se chuva forte no sul e o vento mudou para o centro e o norte da cidade de São Paulo, onde às 22h começou a chover.
É a resolução do problema começando pelo efeito e não pela causa. Nas próximas eleições será melhor tratar de temas pertinentes às grandes necessidades coletivas e públicas e deixar religião e preconceitos individuais para as igrejas e demais comunidades. Antes disso deveremos refletir sobre dados como os mais de 50% de financiadores desta última campanha terem sido as empresas envolvidas na construção civil. Não se sabe, entretanto para quem e de quem foi o dinheiro doado.
É chover no molhado? Espero que não.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve, às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung
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