Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
Numa jogada que pode decidir a eleição da presidência da Câmara Municipal de São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) exonerou ontem o secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra. Por apenas um dia, a quarta-feira, ele vai reassumir sua vaga como vereador do PR no lugar de Quito Formiga para votar no vereador José Police Neto (PSDB), candidato de Kassab. Em seguida, reassumirá a pasta no governo municipal.
Formiga era voto certo no outro candidato - Milton Leite (DEM) - e era considerado o fiel da balança para desempatar a disputa a favor do "centrão". Agora, o grupo kassabista afirma contar com o apoio de 28 dos 55 vereadores, número suficiente para levar Police Neto à presidência. Mas a articulação do prefeito acirrou ainda mais os conflitos dos dois grupos rivais que disputam o comando da Casa.
Além de derrubar mais duas sessões de votações ontem, o "centrão", liderado pelo atual presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), protocolou pedido de abertura de CPI para investigar contratos das organizações sociais (OSs) com a Secretaria Municipal de Saúde. "Foi uma clara interferência do prefeito no Legislativo", avaliou Rodrigues, que fez o pedido de expulsão de Cintra do PR, em análise no partido.
O PSC, do vereador e bispo da Renascer Marcelo Aguiar, que apoia o grupo do prefeito, pode voltar para o grupo do atual presidente. Outras incógnitas são os vereadores Gabriel Chalita (PSB) e Jooji Hato (PMDB).
"O prefeito está usando de meios que não fazem parte do processo democrático da eleição", disse Aurélio Miguel (PR), autor do pedido de investigação das OSs - o requerimento teve assinaturas de 19 vereadores.
A Prefeitura não comentou a saída do secretário.
Ontem, a Câmara completou 60 dias sem votar nenhum projeto relevante. A sessão extraordinária para a votação do projeto de concessão dos relógios de rua e dos abrigos de ônibus foi derrubada pelo "centrão".
DUAS RAZÕES PARA...
Prestar atenção na disputa na Câmara
1. No dia 15, será eleito o novo presidente da Câmara. É ele quem decide quais projetos de melhoria da cidade e isenções de impostos devem ser levados à votação no plenário. Também é a pessoa que pode assumir o cargo de prefeito na ausência do chefe do Executivo e do vice.
2. Além de gerenciar um orçamento anual de R$ 450 milhões, o presidente do Legislativo paulistano comanda uma estrutura que conta com 1,9 mil funcionários, emissora de TV com 12 horas de programação diária, agência de publicidade e poder para distribuir as presidências de Comissões Parlamentares de Inquérito do órgão responsável pela fiscalização dos serviços municipais.
Do ESTADÃO.COM.BR
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