Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
Estudantes e um produtor de documentários de Salvador iniciaram, na noite de ontem, o primeiro protesto contra o fechamento, previsto para 27 de janeiro, do Cine Belas Artes, que funciona na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista desde 1943.
Com cartazes e filmadoras, os integrantes do grupo se conheceram na frente do cinema, após a manifestação ser divulgada no fim de semana em redes sociais como Twitter e Facebook. Nenhum ator, cineasta ou personalidade ligada à cultura paulistana participou do ato.
Ao longo de uma hora, os manifestantes ganharam o apoio de cerca de 30 pessoas que estavam no cinema. Eram principalmente jovens que deixavam as salas ou estavam chegando para comprar bilhetes das próximas sessões. "Foram apenas quatro dias de divulgação, nem todo mundo ficou sabendo. Vamos fazer outro ato na sexta. É uma pena que artistas e cineastas consagrados não usem a força de seus nomes neste momento, contra essa tragédia que é o fechamento do principal cinema de rua da cidade", disse o estudante de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Eduardo de Oliveira, de 21 anos.
Mobilização. Oliveira carregava um cartaz com a inscrição em guache "A favor do tombamento do Belas Artes". Ele também distribuiu quatro outras cartolinas e tintas para quem apareceu no ato. Um deles foi o produtor baiano Fabrício Lima, de 29 anos. "Quando cheguei a São Paulo, em 2008, fiquei deslumbrado com esse cinema, com a programação eclética. Não podemos permitir essa perda para a cultura nacional", disparou.
Lima conseguiu arrastar para a pequena passeata um casal de Natal que estava a passeio na Avenida Paulista. "Quando soube que o cinema ia fechar, inclui uma sessão nas minhas férias por aqui. Lá em Natal não tem cinema de rua com essa programação de artes. Era um passeio na capital que agora vamos perder", reclamava o professor de artes Fábio Fon, de 31 anos, ao lado da mulher, a artista visual Soraya Braz, de 30.
Como o casal de Natal e outros manifestantes que não se importaram com a buzina de motoristas enfurecidos, a artista plástica Valquíria Fercundini, de 56 anos, criticou a ausência de personalidades no protesto.
"Já vi o Fernando Henrique (Cardoso) aqui, o (cineasta Fernando) Meirelles, o (José) Serra. Todo mundo vem a esse cinema e agora se cala em um momento desses."
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