DANIELA LIMA
FLÁVIO FERREIRA
Netinho de Paula (PC do B), que hoje divide a liderança em São Paulo na disputa pelo Senado, costuma chamar de pontual o episódio em que foi acusado de espancar a ex-companheira Sandra Mendes, em 2005.
O atual candidato, porém, foi condenado por agredir e ofender uma funcionária da Vasp, em julho de 2001.
O vereador foi processado pelo Ministério Público sob a acusação de ter dado uma "chave de braço" em Nilda Pisetta, supervisora da extinta companhia aérea. Em novembro de 2002, como punição, foi obrigado a pagar cem latas de leite em pó.
Mas o cantor teve de desembolsar mais para quitar o episódio. Nilda apresentou à Justiça uma ação civil de indenização por danos morais contra Netinho _que na atual corrida pelas duas vagas de senador está empatado com a petista Marta Suplicy, sua colega de chapa.
Na sentença, o juiz afirmou que "ficou cabalmente demonstrado" que Nilda foi agredida, "com virulência desproporcional" e condenou Netinho ao pagamento de R$ 80 mil.
ACORDOS
Após a decisão os dois fizeram um acordo, mas o valor negociado não foi publicado no "Diário Oficial" do Estado. Procurada pela Folha para comentar o caso, a assessoria de Netinho não respondeu.
A agressão à ex-mulher, que ocorreu quatro anos após o episódio com a supervisora da Vasp, também foi resolvida com um acordo.
No dia 2 de fevereiro de 2005, Sandra denunciou o espancamento. Cerca de um mês depois da denúncia, os dois afirmaram à Justiça terem entrado em acordo, o que finalizou o processo.
A ex-mulher do candidato iniciou a ação por um escritório de advocacia, que foi afastado do caso após o início da mediação do acordo.
Esse escritório reivindica até hoje o pagamento de honorários pelos serviços prestados a Sandra. À Justiça Netinho declarou ser pobre e pediu para não arcar com as despesas do processo.
O acordo com a ex-mulher foi registrado em cartório, fora dos tribunais, e está anexado ao processo movido pelo escritório contra Netinho.
Segundo o documento, o cantor se comprometeu a pagar R$ 850 mil a Sandra, R$ 300 mil à vista, e o restante em 12 prestações. Ela também teve direito a um carro de luxo e a um plano de saúde por dois anos.
Quem conheceu Netinho durante a juventude estranha a violência demonstrada após a fama. Na Cohab de Carapicuíba, os antigos vizinhos lembram de um rapaz animado. "Ele ensaiava com os meninos no parquinho aqui na frente", conta Teresinha Rodrigues da Paixão, de 71 anos, que é vizinha do prédio onde Netinho viveu.
"Os meninos" a que Teresinha se refere são os oito músicos que, ao lado de Netinho, foram alçados à fama com a banda Negritude Júnior, na década de 1990. Netinho era o vocalista, e foi "convidado a sair" do conjunto em 2001.
Dois dos integrantes ouvidos pela Folha afirmaram que Netinho saiu porque estava fechando contratos à sombra da banda.
"A gente só se deu conta do que estava acontecendo no dia em que ele fechou com uma emissora de TV", contou Nenê, que toca contra-baixo e violão no grupo.
Em entrevista à Folha, publicada na última quarta-feira, Netinho disse sentir saudade dos ex-companheiros. "Mas não tenho do que reclamar. Segui um caminho bom pra mim", afirmou.
OUTRO PROCESSO
O grupo entrou com um processo para impedir que Netinho continuasse usando a marca Negritude em seus negócios. A ação correu em segredo de Justiça, a pedido da banda e a contragosto da advogada, Luzia Maglione.
"Eles tinham uma preocupação muito grande. Não queriam alimentar boatos. Pediram o segredo e também não quiseram cobrar indenização", contou a advogada.
O processo foi iniciado em 2003 e pedia apenas interrupção do uso da marca. A decisão saiu no fim de 2006, com ganho para a banda. Mas o juiz estabeleceu que, não cumprindo a determinação, Netinho pagasse multa de R$ 3.500 por dia de uso indevido da marca.
A demora em seguir a determinação da Justiça gerou uma dívida de cerca de R$ 400 mil do cantor com a banda, que não foi paga até hoje. "Ele não tem nada no nome dele. A maior parte das ações das empresas ficam no nome dos filhos", disse Luzia. A assessoria do cantor não respondeu sobre essa dívida.
Da FOLHA.COM
O conceito de cidadania sempre esteve fortemente atrelado à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto).
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