domingo, 29 de julho de 2012

Rejeição a Kassab faz Serra abandonar discurso da ‘continuidade’ na campanha

Para não ir na contramão do eleitorado, que desaprova a atual gestão, candidato tucano à Prefeitura passa a reconhecer falhas que precisam ser corrigidas na cidade e vai usar TV para mostrar projetos tocados quando era prefeito e governador


Bruno Boghossian - O Estado de S.Paulo

Serra não gostou quando Kassab se deu nota 10 - Evelson de Freitas/AE-6/6/2012
Evelson de Freitas/AE-6/6/2012
Serra não gostou quando Kassab se deu nota 10
A equipe de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo decidiu evitar uma campanha de “continuidade” em relação ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), seu aliado. Diante da avaliação negativa da atual gestão pelos paulistanos, a propaganda eleitoral do tucano na TV deve apresentar sua própria experiência administrativa como solução para os problemas do município.

O tucano admite publicamente a existência desses problemas e pretende apresentar um rol de realizações passadas para convencer os eleitores de que ele “é o melhor nome” para resolvê-los.

Na prática, Serra não vai se descolar do prefeito - que assumiu o cargo em 2006, quando o tucano renunciou para disputar o governo do Estado - e vai manter a defesa da atual administração. No entanto, vai se apresentar como um gestor com um estilo próprio de governar e capaz de lançar “projetos inovadores”.

“O fato é o seguinte: eu estou sendo candidato para resolver problemas. Os problemas estão aí, existem”, disse o candidato em entrevista à TV Bandeirantes na última segunda-feira.

Com esse discurso, Serra vai tentar evitar ficar na contramão do eleitorado paulistano, que atribuiu nota 4,4 à gestão de Kassab em pesquisa divulgada na semana passada pelo Datafolha.

Nota dez. No início do mês, o tucano se irritou quando o prefeito deu “nota dez” à própria gestão. A interlocutores Serra disse que o autoelogio era uma “estupidez” que abriu espaço para críticas de opositores.

Embora desembarque do discurso da continuidade, a campanha não apontará falhas da atual administração ou problemas do município. O foco da TV estará sobre as realizações de Serra na Prefeitura (2005-2006) e no governo do Estado (2007-2010).

Em vez de exibir imagens de regiões que sofrem com enchentes, por exemplo, como costumam fazer candidatos de oposição, o programa apresentará projetos de canalização de córregos lançados por Serra.

Autoria. As obras tocadas por Kassab terão espaço durante a campanha, mas o objetivo é manter a defesa da atual gestão sem personalizar seu governo.

“Trata-se de uma proposta de continuidade do que o próprio Serra já fez. Não há necessidade de personalizar a gestão Kassab”, disse reservadamente um colaborador do candidato tucano.

Pesquisas conduzidas pelo PSDB revelam que os eleitores rejeitam a figura de Kassab, apesar de avaliarem como positivas algumas realizações de seu governo, como a Lei Cidade Limpa e o combate ao comércio ambulante irregular.

Discretamente, Serra vem assumindo um discurso de independência em relação ao prefeito. Nas últimas semanas, trocou o plural que refletia uma única gestão (“nós fizemos”) pelo singular que marca uma imagem de liderança (“eu fiz” e “eu criei”).

“Eu fui eleito (em 2004). O Kassab era vice e completou minha gestão. Depois, ele se reelegeu por conta própria e fez seu mandato, mas permaneceu na linha que nós tínhamos fixado”, disse Serra a candidatos a vereador na semana passada.

O discurso da continuidade foi um dilema nas duas eleições presidenciais que Serra disputou. Em 2002, candidato à sucessão do governo mal avaliado de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), escondeu o aliado e adotou como slogan a frase “continuidade sem continuísmo”. Em 2010, foi o principal candidato de oposição ao PT, mas tentou até colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bastidores. Até agora, Kassab tem atuado principalmente nos bastidores: costurou a adesão de partidos à coligação, mobiliza cabos eleitorais e participa de eventos fechados com empresários.
Em entrevista publicada ontem pelo Estado, o prefeito admitiu que não vai aparecer na propaganda de rádio e TV. No entanto, deve participar de eventos de campanha em locais fechados.

Por sua vez, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), já foi visto ao lado de Serra em dois eventos desde o início do mês. Embora enfrente críticas na área de segurança, Alckmin tem boa avaliação nas pesquisas e sua imagem é usada para destacar uma eventual parceria entre os dois caso Serra seja eleito.

Matéria publicada originalmente no ESTADÃO.COM.BR

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A agilidade dos Correios

Atualizado: 27/07/2012 - 17,15 horas.

Na quarta-feira passada -a noite- (18/07) comprei um Drive leitor de CD/DVD para meu PC, como a compra foi feita em uma loja de minha confiança (Kabum) a mercadoria foi coletada na quinta-feira às 16,20 horas e me passaram o código para rastreamento. Até ai tudo sobre controle, como o prazo de entrega para E_Sedex é de 2 a 3 dias úteis  acreditei que até na terça-feira estaria entregue.

Agora vamos aos Correios, somente na segunda-feira (23/07) apareceu no rastreamento como encaminhado a CTE da Vila Maria e encaminhado para a CEE Vila Guilherme, apareceu na terça-feira (24/07) com a observação "Saiu para entrega". Não recebi nada ontem e a partir dai se alguém decifrar o que esta acontecendo ganha um pirulito.

Veja o histórico do rastreamento e me ajude decifrar:


Nosso Correio já foi considerado a instituição mais confiável do país!

domingo, 22 de julho de 2012

Eleitores dão nota 4,4 para Kassab, a pior de 6 capitais

RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER

Entre administradores de seis das principais capitais do país, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), tem a pior avaliação. Numa escala de 0 a 10, os eleitores paulistanos lhe dão nota 4,4, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de julho. Em São Paulo, foram ouvidas 1.075 pessoas.

A nota 4,4 também representa o pior desempenho de Kassab desde março de 2007, quando ele tinha um ano de mandato e recebeu 3,9. Nos últimos 14 meses, o Datafolha fez outras seis pesquisas de avaliação. Em todas elas, Kassab ficou abaixo de 5.

Eleito vice em 2004, Kassab assumiu a prefeitura em março de 2006 após a renúncia de José Serra (PSDB) para ser candidato a governador. Na série do Datafolha, o melhor desempenho de Kassab foi em outubro de 2008, justamente o mês de sua reeleição, quando obteve nota 6,6. Agora, ele apoia novamente a candidatura Serra.

No grupo das seis capitais, o prefeito com melhor desempenho é Marcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte, com nota 6,4. Em segundo lugar aparece o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), com 6,3.

Lacerda e Paes são candidatos à reeleição e lideram as pesquisas de intenção de voto com folga em suas cidades (confira os resultados na página A7).

No ranking das notas, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT) aparece em terceiro lugar, com 6,1. Atrás dele estão o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), com 5,6, e o de Recife, João da Costa (PT), com 5.

Entre os que poderiam disputar a reeleição, João da Costa é o único que não é candidato. Na capital pernambucana, o PT preferiu apostar na candidatura do ex-ministro da Saúde no governo Lula Humberto Costa.

CONCEITOS

Na avaliação dos seis governos municipais como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, Kassab também é o lanterna.

Apenas 20% dos paulistanos entendem que seu desempenho é ótimo ou bom. Quase o dobro (39%) julgam que Kassab faz um trabalho ruim ou péssimo.

Por este critério, Lacerda também lidera, com 51% de ótimo ou bom. Paes tem 45%.

O Datafolha perguntou ainda qual é o principal problema de cada cidade. Saúde foi o mais mencionado nas seis. Em São Paulo, foi citada por 29% dos entrevistados. Transporte coletivo e segurança foram mencionados por 14%.

Editoria de Arte/Folhapress

Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo

sábado, 21 de julho de 2012

Serra e Russomanno lideram disputa pela Prefeitura de SP

RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 19 e 20 de julho mostra o candidato do PRB, Celso Russomanno, quatro pontos abaixo do líder José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

No levantamento feito junto a 1.075 eleitores, Serra aparece com 30% das intenções de voto para prefeito. Russomanno tem 26%.

Como a margem de erro é de três pontos, Serra e Russomanno estão tecnicamente empatados na liderança. Embora improvável, há até a possibilidade de Russomanno estar na frente do candidato tucano.

Bem atrás deles aparecem tecnicamente empatados Fernando Haddad (PT) e Soninha Francine (PDT), ambos com 7%; Gabriel Chalita (PMDB), com 6%; e Paulinho da Força (PDT), com 5%.

Esta é a primeira pesquisa Datafolha após a oficialização das candidaturas e o início das campanhas de rua. É a primeira também sem o nome de Netinho de Paula (PC do B) nos cartões de resposta estimulada.

Netinho saiu da corrida porque seu partido decidiu apoiar Haddad. No fim do ano passado, ele chegou a ter 13% das intenções de voto. Na pesquisa anterior, em 25 e 26 de junho, tinha 6%.

EVOLUÇÃO

Os levantamentos anteriores (todos com Netinho) já mostravam uma evolução constante das intenções de voto em Russomanno.

Em dezembro de 2011, ele tinha 16%. Na primeira pesquisa de 2012, oscilou para 17%. Atingiu 19% em março e 21% em 14 junho. No fim de junho, subiu para 24%.

Durante todo esse período, seu crescimento foi atribuído à forte exposição que teve na TV Record, onde apresentava o quadro "Patrulha do Consumidor", uma sessão fixa do programa "Balanço Geral SP". Sua última aparição foi no fim do mês passado.

A Record é controlada pelo bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, denominação que exerce forte influência no PRB. Nos últimos dias, Russomanno tem buscado desvincular seu nome da igreja. Nesta semana, participou de dois eventos católicos.

Datafolha também apurou as taxas de conhecimento e de rejeição dos candidatos. Serra lidera as duas. É conhecido por 99% dos eleitores, mas rejeitado por 37%, seu maior índice negativo desde a primeira pesquisa da série, em setembro de 2011.

Editoria de Arte/Folhapress


Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo

quinta-feira, 19 de julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Verba para partido de Maluf cresceu após aliança com PT

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

O apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo coincidiu com uma disparada na destinação de verbas federais para obras e projetos apadrinhados por parlamentares do partido.

Em um quadro atípico, o PP do ex-prefeito Paulo Maluf foi, desde o dia 1º de junho, o segundo partido mais beneficiado pelo governo no atendimento das emendas parlamentares, mostra levantamento da Folha.

As emendas são o mecanismo pelo qual os congressistas inserem obras e projetos no Orçamento.

O mês de junho marcou a reta final da definição das alianças para as eleições municipais de outubro.

Quinta maior bancada no Congresso, o PP ficou à frente do PT e só atrás do PMDB --donos das maiores bancadas no Congresso.

A eleição de Haddad em São Paulo é vista como principal objetivo eleitoral do PT, maior partido de sustentação do governo federal.

Polêmica, a aliança com Maluf garantiu ao petista, neófito em eleições e em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, equilíbrio em relação a seu principal adversário, José Serra
(PSDB), no tempo da propaganda de rádio e TV.

A partir de 14 de junho, data em que Paulo Maluf passou a considerar publicamente a possibilidade de apoiar Haddad em vez de Serra, a liberação de emendas para o PP quintuplicou.

Até aquela data, a liberação acumulada desde janeiro era de R$ 7,2 milhões. De um mês para cá, foram mais R$ 36,6 milhões para emendas do partido.

O levantamento foi feito com base nas 20 ações de governo que mais concentram emendas.

Editoria de arte/Folhapress
MOEDA DE TROCA Verbas para emendas do PP crescem após aliança com Haddad em SP
MOEDA DE TROCA Verbas para emendas do PP crescem após aliança com Haddad em SP

Um dos principais aliados de Maluf em São Paulo, o deputado federal José Olímpio foi o segundo mais beneficiado entre os pepistas, obtendo R$ 4,2 milhões para ações apoiadas por ele.

Outro parlamentar do PP paulista beneficiado foi Beto Mansur, ex-prefeito de Santos e que tem Maluf como seu padrinho dentro do partido.

A aliança do PT com o PP em São Paulo foi celebrada na casa de Maluf no dia 18 de junho, com a presença de Haddad e do ex-presidente Lula, que posaram para fotos.

Na ocasião, o governo entregou um posto-chave do Ministério das Cidades a um afilhado do ex-prefeito.

O ritmo de liberações de emendas indica também que, além do salto nas verbas para o PP, a ex-prefeita e hoje senadora Marta Suplicy (PT) foi a terceira mais agraciada entre 174 parlamentares que foram contemplados no período, com R$ 5,6 milhões.

Marta, que pretendia ser a candidata petista em São Paulo, tem resistido a entrar na campanha de Haddad.

OUTRO LADO

A Secretaria de Relações Institucionais, órgão da Presidência responsável por receber e negociar demandas de congressistas, não explicou os critérios usados em relação ao PP e a Marta.

Em nota, a assessoria da ministra Ideli Salvatti afirma apenas que o governo "atendeu solicitações de parlamentares de todas as bancadas" e que se esforçou para realizar os empenhos até a data permitida pela Lei Eleitoral.

Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Elas voltaram com tudo!

Loja do Extra Supermercados na Vila Nova Cachoeirinha
Hoje estive fazendo uma pesquisa na Loja do Extra Supermercados na Vila Nova Cachoeirinha, Av. Inajar de Souza, sobre o uso da sacolinha plástica. Permaneci durante 15 minutos em frente a este caixa e cheguei ao seguinte resultado: Entre 10 clientes apenas um levou sacola reutilizável e outro usou a caixa de papelão ofertada pelo supermercado, vale salientar que estes dois clientes também não dispensaram as sacolinhas e fizeram questão de levá-las também, o que faz 100% de utilização.

Quem está feliz com isso é o vereador Francisco Chagas (PT) que comemora em seu site a liberação do fornecimento das sacolas plásticas pelo Tribunal de Justiça. Francisco Chagas é Diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Plásticas de São Paulo e Região e tem lutado pela liberação das sacolas plásticas na Câmara Municipal e na Justiça.

Contradição

O vereador Francisco Chagas é aquele que luta contra a construção do Rodoanel -trecho norte- com a alegação de que a obra prejudica o meio ambiente. Dois pesos e duas medidas, quando não "prejudica" sua classe representativa é a favor da conservação do meio ambiente, caso contrário que se dane o meio ambiente.

O resultado


As sacolinhas estão voltando aos aterros sanitários acondicionando o lixo doméstico:


sábado, 14 de julho de 2012

Foi sorte, diz vereador que mais enriqueceu em São Paulo


DIÓGENES CAMPANHA
PAULO GAMA
DE SÃO PAULO

Jogador habitual e participante de bolões na Câmara paulistana, o vereador que mais enriqueceu nos últimos quatro anos diz que foi a "sorte" que o levou a comprar --sozinho-- os três bilhetes que lhe deram o primeiro prêmio na loteria federal em 2009.

Wadih Mutran (PP), vereador desde 1983, dobrou seu patrimônio durante o último mandato com a ajuda dos R$ 600 mil ganhos com a aposta. Reelegeu-se em 2008 declarando ter R$ 1,9 milhão. Em 2012, busca mais quatro anos na Casa com bens que somam R$ 3,8 milhões.

Ele diz que a variação foi devidamente informada à Receita e que já tinha o "hábito de jogar na loteria federal muito antes de ser vereador". "Em maio de 2009 tive a sorte de [ter] em mãos o bilhete completo cujo número saiu no 1º prêmio", disse em nota.

Segundo a Caixa, sua chance no sorteio era de 1 em 80 mil--a de acertar as seis dezenas com uma aposta na Mega-Sena é de 1 em 50 milhões.

Auxiliares e colegas da Câmara relataram que ele costuma apostar ao menos duas vezes por semana. Apesar disso, seis vereadores --quatro deles de seu grupo político--disseram que ele nunca contou ter tirado a sorte grande.

Seu gabinete diz que ele já se desfez do comprovante do prêmio. Ele se recusou a falar ontem. Na nota, afirmou que "não vive só da vereança, é empreendedor e dono de imóveis locados".

O Ministério Público avaliará se cabe investigação sobre seu enriquecimento.

Mesmo tendo sido alvo de um assalto em 2008 --quando ladrões invadiram sua casa procurando R$ 5 milhões--, Mutran mantém a prática de guardar moeda em espécie: declarou ter R$ 1,4 milhão em dinheiro. O prêmio da loteria, diz, foi usado para se mudar para um apartamento.

Aliado do deputado Paulo Maluf (PP-SP), Mutran integrou a tropa de choque do então prefeito Celso Pitta (1997-2000). É famoso por atender pedidos da população na zona norte, onde se concentra sua base eleitoral.

HISTÓRICO

No passado, outros políticos se notabilizaram por ter ganhado na loteria --mas, diferentemente de Mutran, foram premiados várias vezes.

Segundo o Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, prêmios reiterados podem ser indício de lavagem de dinheiro: donos de lotéricas comprariam o bilhete do ganhador e o venderiam ao interessado em disfarçar a origem de recursos.

Segundo Antonio Gustavo Rodrigues, que preside o órgão, a venda não acontece com prêmios elevados, mas, sim, de pequenos valores, uma vez que o verdadeiro ganhador teria de forjar a origem do dinheiro que recebeu pelo bilhete. O padrão, diz, são prêmios de no máximo R$ 30 mil. Ele afirma que a prática vem diminuindo.

Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Praça da Sé, São Paulo, Brasil


Olhar a Praça da Sé das escadarias da catedral é um estímulo à imaginação. 

Umedecida por lágrimas e frustrações e árida pelo abandono social, a Praça da Sé ainda atrai gente de todas as classes sociais.

                                                      O Brasil e o mundo passa pela Sé.  

Na Praça da Sé real, a cultura popular ferve, as pessoas se encontram, fazem pose e fotografam a igreja e o marco zero. Políticos, nesta época, abrem espaços com sorrisos e abraços, e moradores de rua  junto a seus cães exprimem o lado triste da vida.

          Na Praça da Sé os comerciantes sentiram o impacto da presença dos viciados em crack.

A migração dos viciados e traficantes da Cracolândia provocou queda de cerca de 30%  no comércio alimentício no entorno da praça, conta Antônio Carlos Pereira, dono do bar e lanchonete a Preferida da Sé, bem em frente à estação do Metrô.


Na Praça da Sé a situação não é diferente do resto cidade: lixo no chafariz, buraco, violência e escuridão.


Texto e Foto: Devanir Amâncio, da ONG Educa São Paulo

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Vereador dobra seu patrimônio e diz que ganhou na loteria

DIÓGENES CAMPANHA / PAULO GAMA DE SÃO PAULO


O vereador paulistano que teve a maior evolução patrimonial nos últimos quatro anos, em valores absolutos, credita parte de seu enriquecimento a três bilhetes de loteria premiados.

Wadih Mutran (PP) dobrou sua riqueza entre 2008, quando declarou ter R$ 1,9 milhão à Justiça, e 2012, quando informou R$ 3,8 milhões.

No intervalo, afirma, ganhou R$ 600 mil na loteria federal, em 2009. "Era uma trinca. Três bilhetes, cada um com prêmio de R$ 200 mil."

O vereador diz ter usado o dinheiro para comprar dois apartamentos na zona norte, por R$ 400 mil e R$ 360 mil.

Outro item que chama atenção em sua declaração de bens é a quantidade de dinheiro que diz guardar em espécie. Eram R$ 260 mil em 2008 e hoje é R$ 1,4 milhão.

Mutran diz que o valor é proveniente de aplicações e "negociações" e usado para ajudar familiares.

A evolução patrimonial de Mutran, de quase R$ 2 milhões, é responsável por 25% do que os 53 vereadores paulistanos que buscam a reeleição em outubro declararam ter enriquecido. No total, o valor dos bens informados por eles saltou de R$ 33,7 milhões para R$ 41,5 milhões --quase R$ 8 milhões a mais.

Quatorze parlamentares mais do que dobraram seu patrimônio desde 2008.

Em termos percentuais, quem teve maior aumento foi Quito Formiga, do PR. De 2008 a 2012, seu patrimônio saltou de R$ 16,6 mil para R$ 622,4 mil, alta de 3.649%. Ele recebeu herança da mulher.

O segundo na lista é Claudio Fonseca, do PPS. Seu patrimônio, que em 2008 era de R$ 169 mil, hoje é de R$ 1 milhão. A maior variação ocorreu em suas aplicações financeiras, que saltaram de R$ 28 mil para R$ 712 mil.

Em termos absolutos, quatro vereadores tiveram evolução superior a R$ 1 milhão. Além de Mutran, são eles: Sandra Tadeu (DEM), que incorporou R$ 1,7 milhão ao patrimônio, Aurélio Miguel (PR), com R$ 1,1 milhão, e Marco Aurélio Cunha (PSD), também com R$ 1,1 milhão.

Contatada pela Folha, Tadeu não respondeu. Miguel diz que o aumento se explica "majoritariamente" pelo recebimento de herança e pela venda de um imóvel. Cunha diz que a evolução é compatível com suas atividades.

Doze dos que tentam a reeleição declararam à Justiça guardar, no total, R$ 2,5 milhões em dinheiro vivo. Além de Mutran, os dois que mais acumulam quantias em espécie são Antonio Carlos Rodrigues (PR) e Juscelino Gadelha (PSB), com R$ 360 mil e R$ 280 mil respectivamente.

Ambos dizem que a medida tem como objetivo facilitar o uso dos recursos na campanha. Em 2010, ao menos 16 candidatos majoritários disseram ter dinheiro em espécie, Dilma Rousseff entre eles.

OUTRO LADO

Os vereadores candidatos à reeleição que mais aumentaram seu patrimônio desde 2008 dizem que não há irregularidade na evolução e que ela foi comunicada à Receita.

Aurélio Miguel (PR) diz que além do salário como vereador, tem "rendimentos variados" de atividades como "compra, venda e locação de imóveis, palestras e participação em eventos, além dos ganhos de capital". "O vereador carrega nas veias o sangue de empreendedor", afirma nota de sua assessoria.

Diz ainda que no período ganhou um prêmio de R$ 200 mil em um programa do SBT.
Marco Aurélio Cunha (PSD) afirmou que o crescimento se deve à compra de um apartamento de R$ 1,3 milhão, com o dinheiro da venda de outro imóvel, financiado.

Ele diz que a evolução é compatível com as atividades que exerce --além da remuneração como vereador, recebe como médico e, até 2011, ocupava a superintendência de Futebol do São Paulo.

Quito Formiga (PR) diz que ganhou herança de sua mulher, que morreu durante o mandato. Claudio Fonseca (PPS) diz que o valor cresceu porque ele passou a especificar quanto tinha nas aplicações financeiras, o que, alega, não era exigido em 2008.

Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Você vai ter coragem de reeleger o vereador Agnaldo Timóteo (PR)?



Após assistir o vídeo onde mostra a cara de pau do vereador -que aliás nem mora em São Paulo- e o descaso com que encara sua função de vereador, veja abaixo qual é a função de um vereador:


Voto Consciente



terça-feira, 10 de julho de 2012

Bandeira do Brasil rasgada

A Praça da Bandeira, no centro de São Paulo, passou o feriado da Revolução Constitucionalista de 32 (9 de Julho) com a bandeira do Brasil mais uma vez rasgada.


Texto e Foto: Devanir Amâncio, da ONG Educa São Paulo

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Kassab diz dar nota 10 para gestão em balanço de ações

Apesar disso, ele não deve entregar corredores prometidos até o fim do ano. Creches também ainda apresentam déficit de vagas.

Juliana CardilliDo G1 SP

Kassab anunciou balanço de sua gestão (Foto: Juliana Cardilli/G1)Kassab anunciou balanço de sua gestão (Foto:
Juliana Cardilli/G1)
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse nesta quinta-feira (5) ao apresentar o balanço de suas realizações à frente da administração municipal que dá nota 10 para sua gestão, mesmo com mais de metade de suas metas estabelecidas não terem sido concluídas. Kassab destacou em uma apresentação diversos programas criados na cidade, mas admitiu que algumas promessas, como a construção de mais hospitais e de corredores de ônibus, podem só ser concluídas no próximo ano.
“Eu sempre digo que a nota é 10”, disse ao ser questionado sobre a nota de sua gestão. “É 10 pela determinação, pela seriedade, pela eficiência. É 10 pela equipe, que tem uma notável disposição para responder as demandas da cidade”. Em seguida, o prefeito foi questionado sobre o valor da humildade. “A humildade é muito importante, para que possa ser entendida a cidade como uma cidade que ainda tem muitos problemas, que ainda, evidentemente, precisa de alguns anos para que todos os problemas sejam solucionados.”
A apresentação foi feita na véspera do início da campanha eleitoral em São Paulo – segundo o prefeito, para que os candidatos já tenham uma noção do que foi feito e que as realizações sirvam de incentivo. Kassab, entretanto, admitiu que é preciso eleger prioridades. “Precisa haver uma dose de humildade para apresentar problemas que ainda não foram solucionados. É uma cidade muito complexa, com orçamento apertado. É preciso ter a correta priorização dos problemas mais importantes.”
Apesar disso, o prefeito não deixou claro quais projetos não serão realizados – apenas citou algumas realizações que gostaria de ter feito, mas não teve oportunidade. “Deixará de ser feito aquilo que não foi priorizado. O nosso sucessor vai ter condições de começar a preparar a escola integral. Antes, não se podia falar em escola integral. Isso deixou de ser feito, e é evidente que é uma necessidade da sociedade de hoje”, afirmou.
Creches e transporte
Em relação às vagas nas creches o prefeito admitiu que elas são um dos maiores problemas da questão, mas disse que houve um avanço significativo. “Felizmente avançamos bastante, mais de 146 mil vagas foram criadas, e é evidente que o nosso sucessor precisa manter esse ritmo de crescimento”. Segundo o prefeito, o avanço também se deu com a publicação na internet da fila por vagas atualizada. Questionado sobre a meta da Prefeitura para o fim do ano, ele desconversou. “Oscila muito [a fila], no início do ano o número é muito alto, depois ao longo do ano ele vai baixando, é um número que altera significativamente ao longo do ano.”
Outro problema crônico da cidade de São Paulo, o transporte público, deve ter metas não completadas até o fim do ano. É o caso dos corredores de ônibus, que Kassab prometeu construir mais 70 km, mas só devem ficar prontos depois que ele sair da Prefeitura. “Como corredores, nós vamos deixar como legado a construção de 70 km de corredores, com isolamento, com ultrapassagem nos pontos de parada. Esses estarão sendo construídos, muito possivelmente ao longo do ano que vem ficarão prontos.”
Em relação à saúde, o prefeito destacou a construção de três hospitais, mas foi questionado em relação aos outros três prometidos. Segundo ele, a Prefeitura trabalha para entregar mais três ainda nesta gestão, mas pode ser que eles só sejam inaugurados no próximo ano.
Polêmicas
Kassab disse não se considerar um prefeito polêmico, apesar de diversas medidas que causaram comoção na cidade, e da fama de criar proibições. “Um gestor não pode fugir das questões ousadas, como a Lei Cidade Limpa. O prefeito precisa propor e proibir. Precisa propor programas e proibir o que não é correto, o que é ilegal, agilizar a fiscalização, e evidentemente também contribuir com propostas que melhorem.”
Em um vídeo de cerca de uma hora, a Prefeitura apresentou para a imprensa, secretários, subsecretários e outros convidados um resumo das realizações que são consideradas as principais da gestão. Foi dado destaque à implantação dos Ambulatórios Médicos Assistenciais (AMAs), principalmente os que funcionam 24 horas e por especialidades, a lei Cidade Limpa, o investimento em combustíveis menos poluidores para a frota de ônibus e a inclusão social e dos deficientes.


Fonte: Portal G1/SP

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Após escândalo, 42 dos 55 vereadores se dizem a favor de presença só com digital

Maioria também afirmou que concorda com a retirada de painel eletrônico ao lado de elevador e com fim de marcação depois da sessão


Artur Rodrigues e Nataly Costa - O Estado de S.Paulo

Após denúncia do 'Estado' mostrar fraudes no registro de presença na Câmara Municipal, 42 dos 55 vereadores se disseram a favor de que o comparecimento às sessões plenárias seja registrado apenas por impressão digital. Para a mudança no regimento da Casa, é necessário o aval de 28 parlamentares.

Entre segunda e terça-feira, 3, o 'Estado' procurou todos os vereadores. Do total, 43 responderam a três perguntas. Além da questão sobre a impressão digital, eles foram perguntados se são a favor da retirada do terminal de presença ao lado do elevador, fora do plenário, e se votariam pelo fim do prazo de 4h para assinalar o comparecimento, mesmo após as sessões.

As medidas evitariam, por exemplo, que o painel de presença da Câmara ficasse quase completo quando o plenário está praticamente vazio. Hoje, só há quórum para votações quando há pelo menos 28 parlamentares com presença registrada – em alguns casos, são necessários até 37. Isso permite votações nominais (de projetos de lei) e simbólicas (de projetos de decreto parlamentar, como mudanças de nomes de rua, onde o quórum só é verificado no início da sessão).

Dos vereadores, 36 afirmam que votariam pelo fim da máquina que permite marcar presença ao lado do elevador e 38 se disseram favoráveis ao fim do prazo de 4h para marcar presença.

O vereador José Police Neto (PSD), presidente de Casa, disse na segunda-feira, 2, ser favorável às mudanças e prometeu trabalhar "com empenho" por elas. Só o vereador Roberto Tripoli (PV) afirmou ser indiferente ao modo de registro. "Como a Mesa Diretora decidir, eu registro", disse.

Apesar de favoráveis à mudança, o ex-presidente da Câmara Antônio Carlos Rodrigues (PR) e o vereador Chico Macena (PT) afirmam que o sistema de identificação por digitais tem falhas. "Seria preciso liberar alguns casos porque a digital de alguns vereadores simplesmente não entra." O vereador Claudinho (PSDB) é um dos que teriam problemas. "O sistema tem dificuldade de reconhecer minhas digitais, danificadas pela profissão", diz ele, que era eletricista.

O terminal ao lado do elevador também causou polêmica. Foi Rodrigues quem aprovou sua instalação quando era presidente (2007-2010). "Na época foi consenso, mas, se quiserem tirar, tanto faz." Já Toninho Paiva (PR) disse que não há necessidade da retirada caso seja adotada a identificação por digital. / COLABORARAM ADRIANA FERRAZ E DANIEL TRIELLI




LISTA: veja como cada vereador respondeu


Matéria publicada originalmente no ESTADÃO.COM.BR

domingo, 1 de julho de 2012

Vereadores fraudam painel eletrônico na Câmara de São Paulo


Marcações fantasmas forjam quórum e até aprovações de projetos de lei




Adriana Ferraz / Diego Zanchetta / J.F, Diorio / Juliana Deodoro - O Estado de S.Paulo
Vereadores de São Paulo estão fraudando o painel eletrônico da Câmara para garantir votos e presença quando estão fora do plenário. Nas últimas três semanas, o Estado flagrou pelo menos 17 dos 55 parlamentares praticando a irregularidade, ao longo das 20 sessões realizadas no período. Funcionários da mesa da Presidência utilizam um terminal de uso exclusivo dos parlamentares para marcar os nomes dos envolvidos e evitar descontos na folha de pagamento. Cada falta custa R$ 465.
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Presidente da Câmara não comenta e ex admite ilegalidade

Criador do painel, Antonio Carlos Rodrigues diz que ideia inicial era só marcar presença por digital, mas ‘não lembra’ quem mudou


Adriana Ferraz / Diego Zanchetta / - O Estado de S.Paulo

Presidente da Câmara Municipal há um ano e meio e eleito sob a bandeira da transparência, José Police Neto (PSD) não quis comentar as fraudes de seus colegas para marcar presença no painel do Plenário 1.º de Maio. O parlamentar se recusou a dizer quantos vereadores tiveram suas ausências descontadas de seus salários no primeiro semestre deste ano, não explicou o funcionamento do painel na sala secreta nem as reais funções de José Luiz dos Santos, o Zé Careca.

Police Neto também não informou como projetos de lei, mesmo que em votações simbólicas, são aprovados em sessões com quórum fantasma. Nem mesmo as sessões realizadas sob seu comando foram esclarecidas pelo parlamentar. Por meio da assessoria de imprensa, informou apenas que vai acionar áreas responsáveis da Casa para responder aos questionamentos.

Responsável pela compra do painel e pelo sistema de marcação de presença digital, o ex-presidente da Câmara entre 2007 e 2010, Antonio Carlos Rodrigues (PR), não esconde que fica pouco no plenário. “Chego, marco a presença e subo. Fico no gabinete trabalhando e desço na hora das votações. Não fico lá no plenário mesmo”, disse.

Em 2008, o painel custou R$ 1 milhão aos cofres da Câmara. “Era para ser só com digital”, disse Rodrigues, sem explicar quem começou a repassar a senha de quatro dígitos ao grupo do Zé Careca. “Nem me lembro.”

Questionado se sabia que o assessor digitava presença para outros vereadores, Rodrigues admitiu a possibilidade. “Acho que a presença dá pra ele colocar, mas a votação não”, disse.

Outros. Flagrado pelo Estado com presença no painel durante votação simbólica de 18 projetos enquanto participava de reunião partidária em seu gabinete, Jamil Murad (PCdoB) avalia que a presença em plenário só é necessária nas votações nominais. “Essa é a minha interpretação. Analiso os projetos antes. Fico no meu gabinete trabalhando e desconheço funcionário que digita a presença”, afirmou Murad.

A vereadora Edir Sales (PSD) informou que nenhum funcionários da Câmara tem autorização para marcar sua presença. “Todas as marcações são feitas exclusivamente pela parlamentar.” Sandra Tadeu (DEM) também negou a irregularidade. Procurado, Netinho de Paula (PCdoB) não respondeu.

Críticas. Já os vereadores Cláudio Fonseca (PPS) e Adilson Amadeu (PTB) defendem que os parlamentares permaneçam no plenário e discordam do aparelho instalado atrás do plenário. “Quem aperta o botão às 15h e vai embora precisa ter o dia descontado. Isso é um absurdo”, diz Amadeu.

Fonseca também não concorda com a votação no painel na sala secreta. “Só voto em plenário, jamais votei fora do ambiente de trabalho parlamentar”, disse. “E não concordo com o painel fora do plenário.”

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Servidor há 30 anos, Zé Careca usa senhas exclusivas dos vereadores

Basta um telefone ou SMS para que assessor - que ganha R$ 23 mil - e 3 outros funcionários assumam tarefa restrita a parlamentares


Adriana Ferraz / Diego Zanchetta / J.F, Diorio / Juliana Deodoro - O Estado de S.Paulo

A rotina na Câmara Municipal é a mesma toda terça, quarta e quinta-feira, quando a capital ganha seu 56.º vereador. O parlamentar extra é o assessor José Luiz dos Santos, o Zé Careca, apontado como “chefe” do esquema que frauda o painel eletrônico. Sentado a cerca de 2 metros do presidente da Casa, José Police Neto (PSD), ele acessa o sistema com senhas pessoais de vereadores, garante o número necessário de presenças para abrir sessões e pode até votar.

Careca lidera uma equipe de pelo menos outros três fraudadores, que mantêm o controle das marcações em listas feitas à mão. Fotos feitas pelo Estado mostram que o grupo recebe a ordem para cometer a irregularidade por telefone ou SMS.
Celulares ficam sobre a mesa e basta um toque para mais um nome surgir no painel, sem que ninguém entre no plenário. Em outros casos, servidores telefonam aos gabinetes em busca de autorização para marcar a presença.

Funcionário da Câmara há mais de 30 anos, o assessor trabalha no plenário desde 1994, quando entrou para a lista de homens de confiança dos parlamentares. A qualquer momento, mesmo em fins de semana e feriados, Careca está disposto a resolver “pepinos de vereadores”. Seu salário é de cerca de R$ 23 mil.

O servidor caiu nas graças de todas as últimas presidências do Legislativo. Bases governistas de Paulo Maluf (PP) a Gilberto Kassab (PSD) contaram com a habilidade do assessor no comando da Mesa Diretora. No segundo semestre de 2008, por exemplo, foi Zé Careca quem coordenou a transição da lista de presença em papel para a verificação em painel eletrônico.

De ternos bem alinhados e relógios de grife, o assessor tem fama de workaholic – chega cedo e vai embora após 21h. É tão próximo dos vereadores que, em alguns casos, o pedido de marcação de presença chega a ser feito a Careca em voz alta pelo parlamentar, sem constrangimento.

No dia 27, durante sessão ordinária, o grupo de Careca marcou presença para Wadih Mutran (PP), Juliana Cardoso (PT) e Juscelino Gadelha (PSB), entre outros ausentes. O esquema é ofertado a todos, independentemente do partido.

No Palácio Anchieta, a tecnologia facilita a fraude. Além dos 55 terminais – um de cada vereador –, há pelo menos mais 8 espalhados pela Mesa Diretora e um na chamada sala secreta. Dessa lista, um fica escondido em uma gaveta, aberta sempre que há marcação irregular.

Funcionários digitam a senha que identifica o vereador, apertam “entra” e imediatamente o nome surge no painel eletrônico. Careca tem tanta prática que nem precisa olhar a máquina. Tem senhas decoradas e marca nomes em segundos. O Estado telefonou para ele na sexta, mas o assessor não atendeu. / ADRIANA FERRAZ, DIEGO ZANCHETTA, J.F. DIORIO e JULIANA DEODORO

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Quórum fantasma aprova projeto de lei

Netinho e Murad estavam ‘presentes’ e apoiaram 18 textos em votação simbólica enquanto discutiam apoio à candidatura de Haddad


Adriana Ferraz / Diego Zanchetta / J.F, Diorio / Juliana Deodoro - O Estado de S.Paulo

A prática de marcar a presença no início da sessão e deixar o plenário em seguida não serve apenas para evitar descontos no salário, mas também para alcançar quórum suficiente para a aprovação de projetos de lei na Câmara. É o que acontece quando a votação é simbólica e vale a opinião da maioria na Casa.

No dia 20 de junho, por exemplo, Netinho de Paula e Jamil Murad, ambos do PCdoB, deixaram o plenário minutos após a votação do segundo projeto do Executivo que, naquele dia, exigia voto nominal. Em menos de cinco minutos, porém, a Mesa Diretora abriu nova votação, dessa vez simbólica, e aprovou 18 propostas de autoria de vereadores. Oficialmente, os dois parlamentares participaram do quórum no momento em que se reuniam com a liderança do partido para decidir pelo apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo.

A reunião no gabinete de Murad teve a participação do ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva. “Ficamos horas discutindo (a desistência de lançar Netinho à Prefeitura)”, admitiu o comunista ao Estado na terça-feira, quando o partido oficializou apoio ao PT.

A prática de garantir a participação fantasma nas sessões, porém, pode tornar nulas as lei aprovadas diante de quórum fraudado. Pelo princípio da publicidade determinado pela Constituição Federal, a posição dos vereadores deve ser tomada em público, em local conhecido e aberto à sociedade.

Resolução da própria Mesa Diretora da Câmara de 2003 determina ainda que “fraudar, por qualquer meio ou forma, o registro de presença às sessões, ou às reuniões de comissões”, é considerado infração à ética parlamentar. A irregularidade, caso comprovada pela Justiça, pode render perda de direitos políticos e cassação do mandato.

Verificação. A fraude na formação do quórum é tão clara que basta um pedido de verificação de presença para os nomes do painel se esvaírem. Na quinta-feira, o semestre na Casa foi encerrado porque não houve quórum para abertura de sessão extraordinária. Havia 13 vereadores no momento da remarcação – antes, o painel apontava 48 parlamentares oficialmente presentes. A “presença maciça” foi assegurada pelo grupo de Zé Careca, que transformava ausências em presenças no painel.

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